Se o poker atingiu o status que tem hoje em todo o planeta, muito se deve aos grandes jogadores que ajudaram a popularizar a modalidade nos anos 70 e 80, quando o esporte da mente começou a ganhar a atenção da mídia, sobretudo com a criação da World Series of Poker em Las Vegas. Não há como citar esses grandes nomes sem lembrar daquele que foi um dos melhores de todos os tempos: Jack Straus.
Nascido em 1930, o californiano dedicou duas décadas de sua vida à modalidade, com grandes conquistas e histórias que permanecem vivas até hoje nos feltros. Afinal, não há um grande jogador da atualidade que não conheça as façanhas de Straus. Conheça abaixo um pouco de sua trajetória.
O começo no poker
Antes de se aventurar no esporte da mente, Straus frequentou a Universidade do Texas A&M, onde supostamente jogou basquete – embora não haja registro nos anais da faculdade. No entanto, pela altura, não é muito fácil contestar: Straus tinha 1,98m de altura, motivo pelo qual era conhecido como “Treetop” (ou copa de árvore, na tradução literal).
Straus se formou em administração e chegou a lecionar, mas as apostas falaram mais alto. Sua primeira grande “forra” foi no Super Bowl de 1970. Porém, foi no poker que ele concentrou todos os seus esforços.
No começo dos anos 70, Straus foi figurinha carimbada nos primórdios da World Series of Poker, um dos principais torneios da modalidade, sendo contemporâneo de outras lendas como Doyle Brunson, Amarillo Slim, Johnny Moss, Sailor Roberts, Walter Pearson e outras figuras conhecidas do poker na época – e até hoje, diga-se.
Em 1972, na terceira edição da WSOP em Las Vegas, Straus chegou à mesa final do Main Event, terminando na quinta colocação (o título ficou com Amarillo Slim). Foi seu primeiro grande resultado no circuito mundial.
No ano seguinte, Straus voltou a Las Vegas e conquistou seu primeiro bracelete. A conquista veio no evento Deuce to 7 Draw, rendendo ao jogador uma premiação de US$ 17 mil, a primeira grande forra de sua carreira no poker.
Uma virada para a história
Depois de alguns anos sem bons resultados, Straus voltou a ganhar destaque na WSOP em 1981, chegando à final do evento Ace to Five Draw, ficando atrás de Mickey Perry.
Porém, foi no ano seguinte que ele entrou de vez para a história da WSOP e do poker mundial com aquela que ficou conhecida como uma das grandes viradas do esporte da mente em todos os tempos.
No Main Event de 1982, ainda no segundo dia, Straus apostou alto em uma das mãos e acabou perdendo todas as fichas – ou quase todas. Antes de se levantar da mesa e ir embora, ele notou que uma ficha havia ficado escondida embaixo de um guardanapo, o que lhe deu uma sobrevida.
Foi então que o inacreditável aconteceu: Straus transformou essa única ficha em uma conquista épica, escalando para o título do Main Event – seu segundo bracelete – e um prêmio de US$ 520 mil, o maior de toda a sua carreira.
O feito é lembrado até hoje e é conhecido como “a chip and a chair” (uma ficha e uma cadeira), ou seja, isso é tudo que um jogador precisa para vencer um grande torneio.
Das mesas para a eternidade
Nos anos 1980, Straus foi presença certa em outros torneios em Las Vegas, como o Stairway to the Stars, competição que venceu em três oportunidades. Ele também ficou conhecido como um craque do blefe, vencendo incontáveis mãos segurando cartas fracas.
Por ironia do destino, Straus se despediu da vida fazendo o que mais gostava. Em 1988, durante uma partida no Bicycle Casino, em Los Angeles (sua terra natal), Treetop sofreu um aneurisma fatal e faleceu aos 58 anos.
Durante cerca de 20 anos de carreira, Straus acumulou 7 títulos e uma premiação de pouco mais de US$ 800 mil dólares – muito pouco comparado ao que jogadores com muito menos gabarito conseguem nos dias atuais, graças à dimensão que o poker atingiu.
No final de 1988, Straus ganhou uma homenagem póstuma ao ser incluído no Hall da Fama juntamente com Doyle Brunson. Hoje, mais de 30 anos após sua morte, seu grandioso legado permanece vivo no poker mundial, sendo considerado um dos maiores de todos os tempos.
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