No poker, as coisas costumam mudar rapidamente. É uma espécie de modalidade Ferrari, em que alguns jogadores arrancam de 0 a 100 KM/H em poucos segundos.
Assim tem sido na carreira do jovem gaúcho Júlio Fantin, que só conheceu o poker em 2014, aos 18 anos, no primeiro ano de faculdade e hoje, aos 24, compete em pé de igualdade em muitos dos fields mais duros do poker online.
Destaque brasileiro no WPT Online na última semana, levando 44 mil dólares, pelo vice-campeonato no #15-Mini do WPT Online, Júlio conversou na última quinta-feira com o blog do partypoker. Falou de carreira, influências, experiências e seu futuro no poker.
DE REPENTE, PROFISSIONAL
Júlio – que deve completar neste semestre o curso de ciências contábeis – tinha 19 anos quando teve, por assim dizer, uma epifania. Tão logo foi apresentado ao jogo por um amigo de faculdade chamado Guilherme Pohl, viu que não queria mais seguir carreira na área de contabilidade.
“Acho que me tornei profissional no momento que decidi não procurar estágio”, conta Júlio. “Simplesmente as coisas foram acontecendo, fui dando mais atenção para o poker e menos para a faculdade”.
Nos primeiros meses, ele jogava apenas torneios abaixo de 10 dólares. E, embora profissional, Júlio demorou um tempo para suas intenções para seus pais. “Nesse começo, minha família não sabia nada sobre o jogo; depois (que descobriram), não me apoiaram, mas não proibiram também, só achavam que seria melhor eu não estar fazendo aquilo”.
Guilherme, o amigo, era profissional na época, mas já não atua mais; Júlio, por outro lado, só fez se aprofundar desde então; ainda em 2014, entrou para o Flow Poker Team – equipe recém fundada pelo catarinense Fellipe Nunes; encerrado contrato, seis meses depois, ingressou, já em 2015, no Bedias Team – de Bernardo Dias, referência de ensino no poker nacional e principal influenciador na carreira do nosso personagem.
A CHEGADA AO BEDIAS TEAM
“Eu combinei de ir jogar um dia QG do Bedias Team, no final do meu contrato no Flow, daí conheci o pessoal lá (…) e acabei entrando para o time e para o QG”, lembra o jogador.
A mudança para o time de Bernardo Dias mudou a carreira e também a vida do jogador. De 2015 até o começo da Pandemia de Covid-19, Júlio jogou quase diariamente nas dependências do QG do Bedias Team, acompanhado não apenas por instrutores, mas por colegas de profissão que se tornariam grandes parceiros.
“Meus melhores amigos do poker são os caras do Bedias Team de Porto Alegre: o “Grupo do Hospício”, define o jogador, sobre sua turma, que inclui outros grinders muito vencedores, como Lorenzo Bazei e Bernardo e Gustavo Rocha, também conhecidos como Machadada e Machadinha.
Os quatro, junto a outros pupilos de Bedias, formam o que pode ser descrito como a cena do poker em Porto Alegre, uma das mais destacadas e unidas em todo o país. É com eles e principalmente com Bernardo Dias com quem Júlio vem discutindo mãos diariamente há cinco anos.
“No FLOW eu aprendi a parte mais básica de ranges de pré-flop, mas que foi muito importante para o processo. Já no Bedias, com certeza o que mais evolui foi a parte do pós-flop, a pensar o jogo mesmo”, diz o jogador, que atualmente também faz parte do 4Bet.
Liderada pelos sócios Will Arruda, Marcos Sketch, Thiago Crema e Rafael Moraes, a tradicional equipe absorveu a estrutura do Bedias Team, em janeiro de 2019.
PRIMEIRO BIG HIT VIROU VIAGEM
Faltavam cinco dias para o réveillon de 2017 quando o jovem Júlio Fantin, 20 anos, se fez notar pela imprensa especializada em poker. O jovem porto-alegrense foi notícia naquele final de ano por conseguir um vice-campeonato no $109 The Uppercut do PartyPoker.
“’DiulioFantin’ foi o segundo de 1.384 inscritos (…), desempenho que lhe rendeu $16.608”, descreveu a nota publicada no site da revista Cardplayer, na manhã de 27 de dezembro. Júlio – que meses antes jogava buy-ins de menos de $ 10 – conseguia seu primeiro ‘big hit’.
A premiação de US$ 16 mil era de longe até aquele momento a maior já obtida pelo jogador. Em muitos casos, o caminho natural seria olhar apenas para o jogo: aumentar o bankroll ou talvez subir de buy-in. Júlio, em vez disso, resolveu olhar para fora – do poker e do país. Pegou parte do dinheiro e foi para Toronto.
“Com parte desse dinheiro decidi fazer um intercâmbio no Canadá”, conta o jogador, que deixou, para três meses, a rotina profissional para viver, fora do poker, uma experiência de vida internacional.
MELHOR QUE ENCOMENDA
Pelo menos era essa ideia… O resultado, no fim das contas, foi melhor que o esperado. Em 4 de setembro de 2017, quando estava “sozinho”, sem o convívio diário com amigos da Turma do Hospício, Júlio quase entrou para a história do poker online do país.
Não chegou a tanto, mas conseguiu um sétimo lugar no WCOOP#3 ($1.050) – torneio com buy-in bem acima dos que jogava na época – e ficou com US$ 38 mil dólares. “ (A premiação) foi surreal para mim na época também”. Se cravasse o torneio, levaria mais de 300 mil dólares.
“Esse período no Canadáf foi uma experiência muito boa, minha energia estava ótima; provavelmente foi o que fez eu conseguir chegar até essa mesa final de um torneio de $1k – que era um buy-in que eu não estava acostumado a jogar”, conta o jogador. “Na época perdi um pouco o contato com o pessoal do QG, mas falava com o Bedias (Bernardo Dias)”.
Júlio não deixou de ser profissional, mas a coragem de olhar para fora do poker justamente quando os resultados começavam a aparecer mostra bem que o poker pode ser sua prioridade, mas não é uma obsessão.
FUTURO? FORA DO POKER
Júlio Fantin acumula, ao longo da carreira, bons resultados em muitas das principais séries do mundo. Seus gráficos são positivos e seu ROI chega 78%. Além disso, treina e aprende com os melhores, tem talento para o jogo e uma força mental que lhe destaca – “sempre gostei de trabalhar essa parte”, diz.
Júlio tem, portanto, pelo menos em teoria, as odds em seu favor para seguir competitivo por muito tempo. Mesmo assim, ele não pretende permanecer no poker por tanto tempo. Pelo menos não em um futuro distante.
“Não enxergo o poker como uma profissão de longo prazo para mim, não temos muitos exemplos, mas deve ser muito complicado fazer isso por mais de 15/20 anos ou mais”, diz o jogador que, não tem, porém, ainda ideia do que faria profissionalmente fora da modalidade.
“A faculdade de Ciências Contábeis eu vejo como uma certificação mesmo, não pretendo trabalhar na área, mas pode servir como porta de entrada para outras oportunidades”, diz o vice-campeão do #15-Mini do WPT Online.
Atualmente, Júlio é destaque do 4Bet e do poker online brasileiro. Onde estará no futuro – daqui cinco, dez ou 15 anos – é impossível saber. Mas, após apenas cinco anos de carreira, ele sabe. No poker, tudo pode mudar muito rápido. Até a vontade de mudar.
CONFIRA, A SEGUIR, A ENTREVISTA COMPLETA
Você nasceu onde e quando?
Nasci em Porto Alegre-RS, em 29/02/1996, e sempre morei aqui.
Como você chegou ao poker?
Conheci o poker através de um amigo que conheci na faculdade, antes disso nunca tinha ouvido nada sobre o jogo.
Sobre seu amigo que te apresentou o poker. Em que ano isso aconteceu? Quais as circunstâncias?
Foi em 2014, no segundo semestre da faculdade acho, ele estava jogando no time de SNG de Flow e eu fui acompanhar ele em algumas sessões na casa dele para tentar aprender o jogo, foi ali que começou.
Em que momento você se tornou profissional?
Acho que me tornei profissional no momento que decidi não procurar estágio no início da faculdade para focar e me dedicar a rotina de jogador de poker.
Em que ano foi isso? Qual era sua idade e quais torneios você jogava nesta época? Foi uma decisão natural ou difícil? Houve algum tipo de pressão dentro de casa?
Então, essa parte de virar profissional não teve um momento específico que decidi, simplesmente as coisas foram acontecendo, fui dando mais atenção para o poker e menos para a faculdade, quando acabou um estágio de um semestre que eu fiz em 2015, decidi não procurar mais nenhum estágio ou trabalho para dedicar mais tempo ao poker. Nesse momento eu tinha uns 19 anos, estava jogando só torneios abaixo de 10 dólares acho. Nesse começo minha família não sabia nada sobre o jogo, não me apoiaram, mas não proibiram também, só achavam que seria melhor eu não estar fazendo aquilo.
Desde o começo da sua carreira, você já integrou alguns times – Flow, Bedias e agora 4Bet. Gostaria que você contasse como você ingressou em cada uma dessas equipes. Quem te convidou e quando isso aconteceu?
Meu primeiro time foi o FLOW, esse meu amigo da faculdade, Guilherme, jogava no Flow, e eu na época, por 2014, estava começando (a jogar) por conta em alguns torneios micros e decidi fazer o processo de seleção. Entrei e cumpri o contrato de seis meses acho. Logo depois, falei com um ex-colega de colégio que eu vi que estava jogando no Bedias Team para ver como era o time e se estavam procurando jogadores, ainda jogava bem baratinho mas acabei entrando já em 2015. Sobre o, 4bet entrei junto com o Bedias Team inteiro que foi incorporado no início de 2019.
Qual o nome completo do Guilherme que levou você para o Flow? Ele ainda joga?
Nome dele é Guilherme Pohl, hoje em dia ele não joga mais, não jogou por muito tempo também.
E qual o nome desse colega de colégio que jogava no Bedias? Como foi o processo seletivo para entrar no Bedias?
O amigo com quem eu conversei pelo Facebook que jogava para o Bedias na época é Eduardo Salles(Sallao10); hoje em dia ele não joga mais também. Eu combinei de ir jogar um dia no QG do Bedias Team, no final do meu contrato no Flow; daí conheci o pessoal lá, pouco tempo depois conversei com o Grégor que cuidava da parte administrativa do Bedias Team e acabei entrando para o time e pro QG. Quando entrei para o Bedias Team, eu jogava na maioria torneios abaixo de $10 ainda.
O que cada um desses times acrescentou a seu jogo?
No FLOW eu aprendi a parte mais básica de ranges de pré-flop, mas que foi muito importante para o processo. Já no Bedias, com certeza o que mais evolui foi a parte do pós-flop, a pensar o jogo mesmo. Já essa etapa no 4bet está sendo importante por ter acesso a mais pessoas e informações diferentes.
Você consegue dar um ou mais exemplos de como evoluiu seu pensamento do jogo e seu pós-flop nesses anos?
Parte muito importante da minha evolução foi conviver com o pessoal do QG, todo dia de grind além de jogar a gente discute mão durante os breaks ou no final da sessão, então isso ajudou muito e ajuda ainda. O Bedias ainda jogou por uns dois anos lá do QG depois que eu entrei, então esse convívio com jogadores e coachs, ao longo desses cinco anos, foi o que me fez evoluir meu jogo pós flop.
Além de Bedias e do pessoal do 4Bet, quem mais ajudou você a chegar a esse ponto da sua carreira?
Quem mais me ajudou mesmo nesse processo foi o pessoal do QG do Bedias Team mesmo, já estou há mais de 5 anos jogando de lá e já passaram alguns jogadores por lá também.
Quais acontecimentos na sua carreira foram determinantes para que esteja onde está hoje?
Com certeza a minha entrada no Bedias Team é o fator mais importante, depois vem os primeiros hits que dão motivação para seguir em frente; o primeiro deles foi em 2016, no Partypoker pra 16k, que na época era de longe a minha maior premiação. Com parte desse dinheiro decidi fazer um intercâmbio paro Canadá por três meses e de Toronto em 2017 fiz uma mesa final de WCOOP que pagava mais de 300k para o primeiro, mas cai em sétimo – que deu uns 38k, que foi surreal para mim na época também.
Sobre a mesa final do WCOOP, gostaria de saber como foi a experiência de disputar uma reta final fora do seu habitat natural? Você ficou em contato com QG, discutindo mãos, ou foi uma experiência solitária?
Esse período no Canadá foi uma experiência muito boa, minha energia estava muito boa, provavelmente foi o que fez eu conseguir chegar até essa mesa final de um torneio de $1k que era um buy-in que eu não estava acostumado a jogar. Na época perdi um pouco o contato com o pessoal do QG, falava mais com o Bedias mesmo.
Quem são seus melhores amigos no poker?
Meus melhores amigos do poker são os jogadores do Bedias Team de Porto Alegre – o pessoal do Grupo do Hospício, mas quero destacar o Bernardo Rocha e Gustavo Rocha, ou Machadada e Machadinha que tão comigo ao longo desses mais de 5 anos já.
Quais características – técnica ou mental – do seu jogo fazem com que você se destaque?
Acredito que a parte mental seja um diferencial meu, sempre gostei de trabalhar esse aspecto, para muitos é bobagem, mas eu realmente acredito que me ajuda bastante em diversas ocasiões.
Quais jogadores mais inspiram você, sejam brasileiros ou estrangeiros? E por quê?
Já gostei muito do Doulg Polk na época que ele jogava e fazia streams, ele se divertia jogando. Hoje em dia o cara que admiro mesmo é o Bedias; não é fácil administrar tanta gente por tanto tempo e continuar sendo um jogador lucrativo ao longo desses todos anos.
ISOLAMENTO SOCIAL
Os jogadores do Bedias Team costumavam estar juntos no QG durante o grind diário; agora, por conta da Pandemia de Covid-19, precisam estar isolados. Como tem sido essa nova rotina? Isso tem atrapalhado?
É até estranho jogar de casa sem ninguém para ficar discutindo mão durante os breaks, mas a medida de isolamento vai fazer bem pra todos. O que me atrapalhou mesmo foi a rotina de exercícios físicos, mas a de estudo e grind foi uma adaptação tranquila.
PROJETOS E FUTURO
Como você enxerga seu futuro como jogador. O que ainda quer conquistar, em que aspectos você quer evoluir e qual é o caminho para chegar lá?
Não sei direito ainda sobre meu futuro, vou seguir me dedicando ao estudo e ao grind até que sinta que seja a hora certa para seguir para outro desafio, mas não sei quando vai ser ainda.
Além de jogar, você tem outros projetos no poker (coaching, staking, criação de times etc)?
Minha intenção é seguir como jogador mesmo.
Atualmente, você faz faculdade de economia. Você vê a faculdade como uma segunda opção fora do poker ou pretende aplicar esse conhecimento dentro do universo do poker?
A faculdade de Ciências Contábeis que estou no último semestre vejo como só uma certificação mesmo, não pretendo trabalhar na área, mas pode servir como porta de entrada para outras oportunidades.
Muitos jogadores não se veem longe do poker, mas você disse que não sabe qual será o seu futuro. Que dúvidas passam na sua cabeça ao pensar sobre o futuro?
Para mim vai ser uma transição natural do poker pra outra área, não enxergo o poker como um profissão de longo prazo pra mim, não temos muitos exemplos, mas deve ser muito complicado fazer isso por mais de 15/20 anos ou mais.
Quem é o Júlio Fantin fora do poker. Que tipo de personalidade você tem e o que gosta de fazer quando não está jogando?
Sou uma pessoa muito tranquila, acompanho qualquer tipo de esporte, gosto de fazer um churrasco com os amigos e ficar por casa mesmo.
O poker significa na sua vida?
O poker me proporcionou muita coisa legal já, amigos, experiências, viagens. E hoje é o poker que me motiva para melhorar como pessoa e jogador.
PARTYPOKER
O que você que diferencia o partypoker de outras salas, no momento?
O partypoker tem mostrado se importar com o jogador que ta a maioria dos dias jogando no site também, tem um dos melhores rakebacks, tem melhorado constantemente a grade de torneios pela opinião dos jogadores, são atitudes que dão valor a gente.
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