Apostar, cobrir a aposta, passar a vez ou simplesmente ser paciente até esperar a melhor oportunidade. Jargões e ações do poker que moldam a essência do jogo e que também estão intrínsecas na natureza dos investimentos. Por esses e outros motivos, a modalidade das cartas e os negócios financeiros andam de lado a lado.
Por meio de analogias e exemplos, é natural entender o poker através da ótica dos investimentos e para tal temos alguns tópicos que explicitam isso muito bem.
Entender e dominar os números é o pilar do sucesso
Seja no mercado das bolsas de valores ou nas negociações ordinárias da rotina, os números são a base dos investimentos e não é necessário ser um expert no assunto para entender a sua importância no ramo.
No poker, por se tratar de um jogo de informação incompleta em que o jogador precisa calcular as probabilidades o tempo todo, a capacidade de compreender a matemática é fundamental no sucesso.
Não é por acaso que, no poker moderno, muitas vezes jogadores com passado universitário na área de exatas levam a vantagem sobre jogadores mais experientes e que jogam sob a doutrina do old school.
Isaac Haxton, por exemplo, é um grande caso. Adepto do xadrez quando mais jovem, o jogador desenvolveu uma base através de jogos estratégicos e analíticos. Sempre pensando no viés dos números, isso o ajudou a conquistar uma carreira consagrada no poker.
Quem tem a facilidade de dominar os números tanto no poker quanto nos investimentos tem uma transição natural quando troca de um segmento para o outro. Vanessa Selbst é um exemplo. A jogadora é a maior vencedora da história entre as mulheres e decidiu se aposentar das cartas para tentar o sucesso nos negócios.
Trabalhando na bolsa de valor, a jogadora entrou em um fundo hedge para utilizar as suas habilidades adquiridas no jogo em prol dos investimentos.
A curva de crescimento é demorada e não vale dar um passo maior que a perna
Geralmente um bom investimento na bolsa de valores não ultrapassa os 10% de lucro ao ano. Bons profissionais na área dos negócios priorizam muito mais o longo prazo do que necessariamente tentar dar um passo maior do que a perna em favor de resultados instantâneos.
No poker, o mesmo se aplica. Para um jogador do online, por exemplo, construir um bankroll para disputar as melhores competições do mundo não é algo que acontece da noite para o dia.
Sem realizar muitos aportes, o crescimento de um bankroll é naturalmente demorado. Um jogador profissional visa ganhos sólidos ao longo dos meses e isso é muito mais valioso do que um gráfico de rendimentos similar a uma montanha-russa.
Dessa maneira, aceitar que a curva de crescimento do bankroll é um trabalho a longo prazo facilita o jogador a moldar os seus objetivos pensando muito mais no amanhã do que no hoje.
Só tomar decisões de cabeça fria
Gideon Nave, professor de marketing da Wharton, realizou em 2016 uma pesquisa em que estudou a relação entre a biologia e a tomada de decisões. Ele constatou como o estresse influencia na tomada de decisões e o resultado comprovou o senso comum.
Gideon concluiu que a alteração nos hormônios influencia diretamente na tomada de decisão, assim como a privação de sono. O estresse leva a decisões mais voltadas para o impulso e que consequentemente deixam o raciocínio frio de lado.
Em uma mesa de poker ou em uma reunião de negócios, o lado impulsivo precisa ser colocado em segundo plano e as atitudes tomadas pelo cérebro são geralmente as melhores.
Portanto, não é por acaso que diversos jogadores de poker realizam trabalhos que envolvem a valorização do bom estado mental na hora de jogar torneios. Fedor Holz é um deles. O alemão chegou a desenvolver um aplicativo voltado para o bem-estar do cérebro e otimização da capacidade da mente.
Não é nem preciso ser um profissional para entender que o gerenciamento de estresse é fundamental no poker. Bastam algumas rodadas para perceber como isso afeta diretamente no desempenho.
Evitar o tilt e estar em controle da situação o tempo todo são atitudes que parecem fáceis, mas não são, e o competidor recreativo precisa trabalhar esse lado mental de maneira muito séria até aprender a não deixar com que os nervos à flor da pele atrapalhem a decisão tomada na mesa.